...

Eu até queria escrever uma serie de coisas aqui e acabar de contar a história do Boo Boo mas, tenho tido ataques de choro que me deixam o corpo e a cabeça moídos. acredite quem quiser

Boo Boo

   Ainda não parei de chorar. Peguei-te no colo e antes de te darem a injecção disse-te ao ouvido mas em tom de todos ouvirem "obrigado por seres meu amigo". Solucei
   E ainda não parei de chorar....
Pensei que ias ser o gatinho milagre. Foste mas não por isso...
    E ainda não parei de chorar....

Dog Walker

   Acho uma delícia e é uma imagem que me vem sempre à cabeça. No filme In Her Shoes quando uma advogada de sucesso decide largar tudo e tornar-se dogwalker :) 
    Devo confessar que ja me passou pela cabeça inúmeras vezes.

...

Uns dias muito bem, outros dias nem por isso. Se dependesse de mim...

O descanso do Guerreiro

Depois das sessões de fisioterapia com a incansável titi, até ressona :)

Primeiro fim de semana de folga do mês

    Ontem, sábado, e no sábado anterior, fomos a um especialista de neurologia no Restelo com o Boo. O Sr é tão competente que nunca passa menos de uma hora a observá-lo.
    As lágrimas ameaçam mas não saem.
    Caso se faça uma ressonância magnética são 500 euros e só há um sítio no país.
     A amiga Leila disse sem  pensar duas vezes  que me dava o dinheiro para eu ano ter de esperar até receber. Já não se fazem amigos assim. Não pelo dinheiro mas porque quando diz que faz ...faz.
      A Leila encontrou o Sebastião comigo na rua quando vínhamos do cinema da sessão do Sex and the City 2 devia ter um mês e cabia na minha mão.A Leila , tal como muita gente a quem contei do Boo já perdeu família para o cancro e o pai dele faleceu exactamente com leucemia. Tramado...
       Se não lhe afectar as patas da frente então não será progressivo e terá de se arranjar uma solução caso não recupere das patas de trás. Já andei a investigar sobre sítios que façam cadeiras de rodas para cães e gatos. Sítio mais próximo...Coimbra..sem comentários.
       Sebastião faz fisioterapia todos os tias na casa da tia enquanto eu vou trabalhar e muita ronha para comer porque obedece-me melhor.
     A magreza assusta muito e tb o facto de não se conseguir sequer sentar. Tem de ser ajudado para tudo.
     O que custa mais é o facto de estar perfeitamente consciente, não tem dores mas sabe que está limitado.
       
   

Dia 13 de Maio

  Dia 13 de Maio, acordo tão inchada de chorar que as minhas pálpebras parecem feitas de cortiça e lá vamos nós ao Hospital da Faculdade de Medicina Veterinária para fazer mais mais um exame.Não tenho amigos crentes em Lisboa, só a Meryem mas que é doutra religião.Marcam 5 minutos  para passar o autocarro e vejo uma igreja mesmo à minha frente. atravesso a correr e entro. Fico escondida ao pé da porta com medo que alguém leve a mal mas logo sou apanhada e diz: " É para o gatinho? Tem aqui o padroeiro dos animais São Francisco de Assis" Tenho a minha conversa com o São Francisco, limpo mais umas lágrimas e volto para a paragem. São Francisco sempre esteve muito presente na minha vida. Frequentei um colégio de freiras franciscano e vivi do outro lado da rua do convento de freiras de são Francisco de Assis. Onde tinha um mural de azulejos com a cena em que este conversa com o lobo.
   Sala de espera, não consigo mais do que uma vez deixar de sentir inveja ( não maliciosa) dos outros donos. Inveja daqueles que têm os seus bichinhos com uma patinha partida ou outra coisa qualquer, porque esses ainda andam e sentam-se e a eles ninguém dá uma sentença de morte. Não posso deixar de reparar nos pormenores que me rodeiam, nos pequenos grandes pormenores.A sala de espera é enorme, os hospitais supostos humanos cheiram muito mal e este não. Há guichet, há salas de triagem, há raio x, há infecto contagiosos, há estagiários, quadros onde se afixam bichinhos para adoptar, uma ninhada inclusivé chamada a brigada azul, por ter sido encontrada no eco ponto azul.
   Vi um senhor com o cão tatuado na perna.
    E pronto. Assim que oiço a caixa de transporte a abrir-se e pegam no Boo Boo para o colocar na marquesa com aquelas pernas mortinhas lá começo eu aos soluços.
  O Hospital é universitário, quando vejo um estudante a tirar notas sobre o meu menino e pergunta-me se pode tirar fotos, eu sei que é para o bem da ciência mas não quero que ninguém o veja assim.

Dia 12 de Maio

Hoje, o dia  foi todo de roda do Boo. De manhã na clínica e a tarde toda no Hospital da Faculdade de Medicina Veterinárinal. Ainda não fez um ano que apanhei o Sebastião ao pé de um separador de um túnel, cabia na palma da minha mão e gritava mais alto que tudo.
  Deixou de conseguir andar há coisa de 10 dias, começou a arrastar as patinhas de trás e agora nem sentado se aguenta.
  Foi-lhe diagnosticada leucemia felina, mas suspeita-se de um tumor na medula. Amanhã fará um exame de contraste para confirmar ou não. O que mais custa é que está consciente apesar das drogas.
   E o que custa ainda mais é o facto de ele ser tão bom paciente. Picam-no, testam-no e em vez de reclamar apenas olha.Isso ainda dói mais. Sebastião é tudo aquilo que eu sempre quis num gatinho, nunca arranhou nada cá em casa, nunca miou em protesto por ir na sua caixinha de transporte, nunca se roçou nas minhas pernas  para pedir o que quer que fosse, nunca largou pêlo e inclusivé o dele é tão brilhante que parece ter gel. Sempre foi muito activo e muito independente mas também muito meu amigo.
Neste dias tem dormido comigo na cama e, apesar de estar drogado e de dormirmos ao pé um do outro, ele arranja sempre maneira de encostar a sua cabeça na minha. "Lamechices" eu sei, mas, quem conhece o meu gatinho sabe que ele é especial. Quando o levei nestas idas ao laboratório militar,onde todos são supostamente homens de barba rija, a audiência para os exames no consultório era mais que muita, pois todos conheciam o Sebastião e queriam descobrir o que se passava. Posso dizer que de todos os bichinhos que já tive nunca chorei tanto por outro, tenho as vezes a sensação de fim de mundo e de vómito por chorar compulsivamente. Não consigo deixar de me martirizar porque não me lembro da última vez que o vi bem, ando no corre corre e não me lembro. Não consigo explicar e nem quero fingir que tenho mais problemas que os outros mas tenho o coração às postas, porque ainda nem fez um ano que o tenho e já não me lembro de mim antes dele.
  Tudo o que for possível farei por ele, medicina convencional, não convencional o que for preciso.Mas, se for realmente um tumor progressivo. Estamos tramados...